domingo, 11 de abril de 2010

QUANDO CAI A FICHA

Esta é uma expressão popular que indica o momento no qual uma pessoa toma consciência de algum fato, de alguma ocorrência, ou de alguma consequência, fruto de uma decisão tomada por si ou por outrem, e que não tinha alcançado ainda à sua parte racional. Em outras palavras, demonstra o surgimento do clique, do estalo por algo ainda não visto em sua real dimensão, nem analisado em seu total significado. A expressão tem origem naquelas radiolas instaladas em bares e restaurantes e que, ao receber a ficha que comanda o funcionamento de suas engrenagens, deixa cair o disco solicitado pelo cliente, passando a executar a música de preferência deste. Hoje, na verdade, é usada muito mais no sentido figurado do que se referindo ao equipamento instalado em casas de diversão. O qual, na maioria das vezes, tão somente entretém o saudosismo de alguém alcoolizado, querendo reviver antigas sensações.
De todo modo, embora mais utilizada em tom de deboche, tem profundidade em sua essência e um significado que vai muito além da simples pronúncia. Muitos crimes, conflitos e problemas das mais diversas cores e matizes teriam sido evitados se, em seus principais responsáveis, tivesse ocorrido o fenômeno do “cair a ficha”. Pedro, por exemplo, negou Jesus por três vezes – logicamente porque sua ficha ficara enganchada em alguma parte de seu equipamento cerebral. Quando, após uns solavancos advindos das circunstâncias, sua estrutura mental funcionou – ou seja, quando a ficha finalmente caiu – chorou amargamente. Interessante se notar que, em se tratando de cair a ficha, uns sujeitos dão mais trabalho do que outros. Hitler, Judas, Stalin, Pinochet, Fidel, Pilatos, Saul, Lampião... não nos deixam mentir. Sem deixar de mencionar os grandes criminosos, os grandes assassinos.
Personagens que, embalados por um ideal, por um sentimento de vingança ou simplesmente por desejos materiais de conquista, causaram enormes prejuízos a si, aos mais próximos e a populações inteiras, impulsionados, com certeza, por falhas de seus mecanismos mentais. Os quais, por lapsos de funcionamento, estabeleceram tardiamente – ou mesmo em hora nenhuma – o momento de fazer “cair a ficha”, de cessar a ação. Nesse sentido, cabe a pergunta: se a ficha de Hitler tivesse caído antes da eclosão da guerra tudo aquilo teria acontecido? Difícil resposta, difícil... Hitler, por sinal, é um personagem singular, pois seu prontuário histórico não assinala, em momento algum, a menor demonstração de sua parte em promover uma solução para o conflito. A não ser a que apontasse para a derrota total dos inimigos – e a tão perseguida, por ele e seguidores, destruição da população judaica.
Em inúmeros momentos da vida vemos pessoas citando essa expressão: “Fulano, caia a ficha!”... Querendo, com isso, mostrar a dificuldade de alguém acordar para a realidade. Ou de pessoas vivendo momentos e situações de desespero em razão da demora em processar a potencialidade do prejuízo que causariam por atitudes impensadas. Por sinal, a esse respeito, Jesus sempre nos alertou: “Vigiai e orai”. Ou por outra: “Fique atento!” Ou ainda: “Preste atenção ao que você está fazendo – e aos outros também!” Em suma, deixar cair a ficha ao longo da vida é muito bom. É sinal de humildade, de sabedoria, de discernimento, de inteligência, de ousadia, de determinação... E também de proteção, de anteparo às conseqüências de gestos tresloucados dos outros e de si mesmo. Como se vê, o assunto é sério e o momento é de azeitar a radiola. Ou a sua está enferrujada? Caia a ficha!!!!!!!!!


Públio José – jornalista
publiojose@garrapropaganda.com.br

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