(uma
reflexão sobre a "minha" caminhada missionária a partir da experiência
das SMP’s na Arquidiocese de Natal e da minha atual participação na Equipe
Pastoral na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima – Parnamirim / RN)
1 – Introdução
Não podemos negar que a Igreja do Brasil ao longo de tantos anos, mesmo
antes do Vaticano II, tem procurado construir alguns métodos de evangelização
para o enfrentamento dos desafios da modernidade/pós-modernidade.
Desde que “me entendo de gente”(e veja que já estou com 51) que cresci
ouvindo falar em “comunhão e participação”, “igreja de base (CEB’s)”, “pastoral
de conjunto”, “opção pelos pobres”, “igreja missionária” e tantas outras
expressões que apontam modelos que apostam no envolvimento do povo na
construção/re-construção permanente desta mesma Igreja, no sentido do assumir
conjuntamente a sua essência que é o desenvolvimento da sua ação
pastoral/missionária no meio de tantas realidades, em sua maioria, formada por
gente pobre, simples, desempregada ou subempregada, os sem voz e os sem vez...
Olhando friamente a situação atual, sinto uma angústia desgraçada de ver
que as reflexões de anos, tantos estudos e documentos parecem não encontrar
mais eco no nosso coração. Parece-nos que estamos na contramão da história ou
que estamos todos/as anestesiados. O capitalismo com sua face bonita, mas com
um coração satânico, nos empurra a todos/as numa dimensão da busca do consumo e
do dinheiro, do poder e do prazer desenfreado que parece chegar a “engolir” até
o próprio “Evangelho”. Ou melhor, utiliza-se do próprio Evangelho para
justificar teologicamente este novo modelo de busca de prosperidade, sem levar
em consideração os meios pelos quais se chega ao enriquecimento e a esta tão
falada prosperidade. Essa mentalidade perpassa a todos nós, por mais que não
queiramos. Vai de cada um de nós, das pequenas comunidades ao bispo, do bispo
ao papa e ninguém se vê livre desta realidade... Claro que alguns expressam
mais ou menos que outros essa mentalidade. Mas, dela, pouca gente consegue
fugir ou quase ninguém.
Coloco isso quando vejo algumas preocupações por parte dos nossos
dirigentes e pastores e quando vamos constatando que a moda da época de hoje é
tratar bem do administrativo, gerando uma “consciência empresarial” exagerada
muitas vezes em detrimento do pastoral/missionário e do social. Este “social”
que encontrou sempre na Palavra de Deus a razão de ser da Igreja(Os padres da
Igreja diziam que os pobres são o tesouro da Igreja – parece-me que falar isso
hoje é considerado loucura!)enquanto servidora da vida torna-se coisa de
segunda categoria e é colocado à margem ou sendo resumido apenas a algumas
migalhas aos pobres, no máximo, a um sopão, a uma cesta básica ou algo que o
valha. Não que a “assistência” aos pobres não tenha o seu valor. Mas,
enfatizando-se apenas este modo, tenta-se ofuscar o outro lado da moeda: O da
busca e da garantia de direitos, o da educação política, o da organização
social dos pobres, o da luta pela terra e por melhores condições de vida...
carregada daquele profetismo próprio da Palavra de Deus diante das injustiças.
Parece-nos que isto “perdeu” o seu “sentido” e o seu “valor” evangélico,
parecendo apenas “coisa de sindicalista”, “de petista dos velhos tempos” ou
ainda naquele velho e atrasado discurso de que é “comunismo”, achando-se,
inclusive que luta de classes é apenas a uma teoria marxista do passado... O
modelo Igreja-Empresa nos moldes neo-liberais, não consegue sequer enxergar a
pessoa do colaborador(a) tornando-o tão descartável como o faz o sistema lá
fora. O que vale é “reduzir custos e se ter mais lucros”. Não lhe interessa se
por trás daquele/a colaborador existe uma família ou não; se ele/a vai ter como
sobreviver daqui pra frente ou não... Salvemos a Empresa. O resto é resto e
nada pode nos atrapalhar... Aliás, o pior, é que tudo isso é feito em nome do
Evangelho, da missão... e mais triste ainda é ver que tudo isso é também numa
tentativa de se “adequar” a Instituição ao modelo de Estado que aí está. Ora, se
refletimos que o “modelo de Estado que temos não é o que queremos”(VSSB), por
ser exatamente um Estado baseado num modelo capitalista neoliberal que se faz
patrimonialista, elitista, concentrador de renda e de poder, excludente e
opressor e, por conseguinte, contra vida, cabe querermos adequar a Igreja a
este modelo satânico ou deveria ser ao contrário, para sermos “sal e luz”?
É dentro desta mentalidade(e tenho consciência de que o que vou dizer
aqui pode ferir a muitos) que hoje vemos o sacrificamento das nossas
comunidades quando são exigidas das pessoas(e temos que ver que as nossas
comunidades são em geral formadas por pessoas pobres)uma carga maior do que
lhes cabe, no sentido de terem de construir e manter estruturas paroquiais
caríssimas(e que se multiplicam a cada dia... em nome de uma ação pastoral, mas
que às vezes, servem para atender os caprichos consumistas de alguns mais
afinados com a dinâmica do neoliberalismo e da busca de poder) em detrimento de
uma ação pastoral/missionária viva e eficaz a partir dos próprios pobres. Essa
mentalidade atual da busca do “bem estar” por parte daqueles que deveriam ser
“pastores dos pobres”, supera em muito e muitas vezes a realidade de um povo
sofrido, tantas vezes “sem ter nem onde cair morto”.
Esta mentalidade porém, reconhecemos, não é exclusiva dos padres. É da
sociedade como um todo. Isto se reflete nas nossas comunidades quando elas têm
uma preocupação exagerada com a infraestrutura, passando pela construção do
espaço ou de suas reformas, em detrimento da pastoral, da missão, de uma ação
social junto aos mais pobres, etc., inclusive que se manifesta até na proteção
exagerada aos seus pastores(o que se torna bajulação). Alguns não só gostam,
mas adoram sentirem-se assim, nas “mãos do seu povo”.
Este modelo de Igreja, muito presente hoje na maioria de nossas
comunidades e paróquias/dioceses resiste a outros modelos de uma Igreja mais
pobre, portanto, mais evangélica(porque se dá chance ao desenvolvimento da
solidariedade), onde é comum a busca de participação popular e de comunhão
entre todos os membros da comunidade, de onde também se destaca a participação
dos seus pastores como “um entre eles” e como “meros servidores”, sem perderem
de vista o seu papel e a sua missão pastoral. Neste modelo, permite-se que a
Palavra de Deus faça brotar valores evangélicos a partir da cultura, do modo de
ser das pessoas, mediante suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças,
renovando-se o ardor missionário... e assim a vida é celebrada, sem que se
perca muito tempo com os acessórios litúrgicos, mas centrando-se na
essencialidade do Mistério... Já no modelo convencional e centralizador não só
se reforça a verticalização da autoridade, a hierarquia em detrimento da
comunidade, a aparência contra a realidade excludente..., mas, tampouco, se
incentiva outros modelos. Pior: qualquer outro modelo é tido como ameaça e é
totalmente descartado e tido como algo que é contrário ao modelo hierárquico e
à própria Igreja de Cristo.
Todo este discurso é para tentar refletir o “ser Igreja” aqui no chão de
nossa Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim/RN, não que sejamos
melhores ou piores que outras Paróquias, mas por perceber que há certo tempo
vem se investindo num modelo que quer ser “contramão” de toda esta história. Nos
poucos meses que aqui estou, tenho percebido que há um incentivo a participação
popular nas instâncias da Paróquia, através do envolvimento dos comunitários
eclesiais, quer no CPP(Conselho Pastoral paroquial) quer nos CPC’s(Conselhos
Pastorais Comunitários), de modo efetivo, tanto nas decisões
pastorais/missionárias, quanto nas decisões administrativas comunitárias e
paroquial. Apesar ainda da timidez de muita gente, este processo tem se
mostrado não só como mais participativo, mas, por isso mesmo, descentralizador;
Há, pois, fruto desta dinâmica, uma inversão dos valores: de uma Igreja
centralizada na matriz e no Pároco para uma Igreja partilhada nos
Polos/Comunidades e no seu Conselho maior (CPP) e na Coordenação Pastoral
Paroquial(Equipe Pastoral); Uma saída do centro(da supervalorização da matriz)
para as comunidades/capelas(valorizando as pequenas comunidades - CEB’s); Do
dinamismo da construção pela construção, mas desta a partir da demanda
pastoral/missionária e do sacramental para uma dinâmica mais evangelizadora,
levando em consideração as diversas realidades existentes, num município que
cresce a cada ano, aproximadamente seis mil habitantes, advindos de várias
partes, não só do nosso Estado mais de outros Estados da Federação.
Há, assim, um apostamento na organização dos conselhos de pastoral, na
expressão popular da fé, na busca de uma linguagem mais encarnada na realidade,
na interpretação bíblica missionária, nas articulações, na formação e outros
meios, tentando provocar os fiéis(ou ao menos parte deles) para um compromisso
maior como sujeito eclesial/missionário.
Apesar da manifestação já visível deste “novo modelo”, percebe-se também
que nem tudo são flores. Que a marca deste modelo ainda é muito frágil e fácil
de ser quebrada ou desmontada, a partir mesmo das pessoas que estão na base,
onde muitas delas ainda não se convenceram da importância desta dinâmica e da
sua própria importância dentro e correlacionada com os outros atores que estão
à sua volta. Ainda predomina no meio destas comunidades muita gente que, não
entendendo que são “corresponsáveis” pela Igreja, estão presas a modelos que
“trouxeram na cabeça” vindas de outras comunidades e outros modelos eclesiais
que terminam atrapalhando um pouco a caminhada... Ainda temos lideranças que não
conseguiram avançar no “novo” e se agarram ao “poder”, não entendendo que a sua
ação concreta ali na comunidade é “serviço” e não “poder de mando”, destoando
um pouco e colocando em risco o Projeto, sendo críticos ao modelo e tentando
personalizar o seu ponto de vista “negativo” na figura do Pároco.
De olho nesta realidade, como quem “ainda está chegando” sinto que, como
parte desta engrenagem, mesmo diante das minhas limitações e falta de uma
presença maior minha nas bases, tenho consciência de que temos que dá alguns
passos a mais, para ajudar as pessoas, nossos agentes e missionários/as. Isto
não se fará concretamente se não houver de nossa parte uma preocupação maior
com um desfecho de um programa sistemático de formação e de contemplação da
Palavra de Deus, sobretudo, dentro dos Conselhos(CPP e CPC’s) e das Pastorais,
Grupos e Movimentos, bem como uma melhor definição de papeis na Equipe Pastoral
e de um calendário sistemático de reuniões com todos os membros, com
acompanhamento de “per si” por parte do Pároco, como mentor e articulador
número 1 deste modelo eclesial que queremos reforçar.
2 - Metodologia pastoral
Alguém escreveu certa vez que a “metodologia pastoral abre caminho de
convergência entre o pensar e o agir e, com isso, a comunidade-Igreja manifesta
a fé presente na vida cotidiana”(encontrei isso numa anotação de um destes
encontros por aí, quando estava na CAP). A ação missionária do passado, mas
precisamente por volta da idade média até a modernidade, era para conquistar
adeptos para a religião e fortalecer a Igreja instituição, impondo de certa
forma, sua doutrina e sacramentalizando ao máximo.
Do século XX para cá, sobretudo no pós-Concílio, houve um salto de
qualidade nesta ação missionária, sendo não mais para a conquista de pessoas, mas,
para ajudar as pessoas a fazerem o “encontro com a pessoa de Jesus de Nazaré” e
fazerem a Ele o seu seguimento(DA).
O grande problema é que nos dias atuais, com a influencia do
neoliberalismo que fez crescer a Teologia da Prosperidade e o Pentecostalismo,
parece-me que a ação pastoral vai tomando outros rumos e que termina não
ajudando em muito numa visão de Igreja mais comprometida com o Evangelho e conseqüente
com uma ação mais libertadora da pessoa como um todo. Cresce cada dia uma fé
utilitarista, mercadológica, fundamentalista, propagada, sobretudo, pelos MCS
católicos e (neo)pentecostais.
Se olharmos bem o processo das SMP’s em nossa Arquidiocese (em nossa Paróquia como
primeira experiência), a metodologia desta ação pastoral/missionária foi proposta
como “caminho de conjunto”, de entrelaçamento de sujeitos e de planos
articulados, que deveria provocar mudanças de comportamentos e de processos.
Assim, pensávamos que a ação eclesial à luz deste processo iria fazer caminhar
um tipo de planejamento e de pedagogia pastoral que deveriam nos levar à
superação das lacunas entre fé e vida, pessoa e comunidade, Igreja e sociedade.
Claro que a metodologia das SMP’s é um meio de condução(“a espinha dorsal da
ação pastoral da Igreja”, como dizia em nossos Retiros , o
Pe. Luiz Mosconi), e toda a sustentação desta ação missionária, vem da Palavra
de Deus, valorizando o testemunho, o serviço e o anúncio da fé profética.
Creio que é aqui o nó da questão para todos nós, não só aqui de
Parnamirim, mas da Igreja como um todo. Somos uma Igreja que ainda não fez o
seu “rito de passagem” totalmente. Apesar de alguns avanços de nossa parte
neste chão de N. Senhora de Fátima, ainda temos algumas deficiências que
precisam ser superadas, ao meu ver ainda míope.
3. Quem é o fundamento deste modelo eclesial?
Toda metodologia precisa de um parâmetro. A metodologia
pastoral/missionária tem como parâmetro a pessoa de Jesus e sua prática(vide o
livro de Pe. Mosconi, A Vida é Missão). A grande pergunta é: qual é o método de
Jesus de Nazaré? Lendo e relendo o livro a Vida é Missão não tive a preocupação
de fazer anotações e transcrever aqui o seu conteúdo. No entanto, como
fundamenta Pe. Mosconi, e eu consegui entender, parece que Jesus não quis
reproduzir nenhum método. Ele “rejeitou os mestres da época”, que fundamentavam
a “dominação política e a intolerância religiosa”, e “buscou inspiração em Deus Pai ”. Estabeleceu,
na centralidade da missão, a vontade e a palavra do Pai (cf. Jo 10,25-39;
11,41; 14,6-21). É a sua prática no cotidiano da vida do seu povo, de um modo
muito especial, no meio dos simples, dos desvalidos e lascados do seu tempo,
que ilumina o modo de “fazer missão”, de “fazer pastoral”.
Acho que aqui está uma chave para a nossa ação e para a nossa metodologia
pastoral/missionária. No início do processo das SMP’s, um dos métodos apontados
neste modelo era o da “escuta da Palavra” a partir do “estudo diário do
Evangelho”. Assim, não basta um grande “planejamento participativo” e a
“descentralização do poder”, mas constituir um processo pedagógico da fé
baseado na proposta de Jesus. Aqui está o desafio para as nossas comunidades e
para a Igreja paroquial como um todo: retomar um processo de formação de nossas
comunidades e agentes pastorais/missionários à luz da Palavra de Deus,
construindo sua caminhada com base no Evangelho.
Sem essa dinâmica, sem conhecer o Evangelho, sem se deixar enamorar pela
pessoa de Jesus que age como pobre no meio dos pobres, que tem paixão pela vida
e defende-a a todo custo com o seu próprio sangue, dona Maria, seu José,
compadre Chiquinho... não serão capazes de apostar e de dar a vida por um
modelo eclesial que, antes das estruturas, vem a vida; antes da empresa, vem o
eclesial, como espaço de missão, de comunhão e de libertação...
Neste caso, aqueles/as das nossas comunidades que não conseguiram ainda
“chegar junto” do entendimento deste Projeto, não podemos dizer que “não quero
do meu lado”, pois, ainda não lhe demos “oportunidade” de fazer este caminho.
Aliás, muitos que estudaram teologia e fazem eloqüentes homilias não
conseguiram ainda “abrir os olhos”, imaginemos estes irmãos que nem sequer
sabem ainda “abrir a bíblia” ou passaram anos sendo “doutrinados” noutras
“visões”! O verdadeiro caminho, então, a percorrer, é olhar a ação de Jesus
nazareno...
Creio pois, que no planejamento pastoral para o próximo ano, deveríamos
insistir na retomada do estudo do Evangelho nas comunidades para fortalecer a
construção desta Comunidade dos discípulos/missionários de Jesus, como
almejamos e Ele mesmo quer...
4 – O agir missionário de Jesus
Dentro da construção deste agir pastoral/missionário a partir das
“pegadas do Mestre”, um bom texto para nos iluminar é o do Evangelho de Jo
6,1-15, como um “caminho” de compreensão para a nossa ação
pastoral/missionária, com pelos menos 4 passos:
Passo 1: Tentar VER a nossa realidade e ser sensível a ela. Sem compreensão da
realidade não há processo pastoral. Jesus, no alto da montanha, olha
atentamente para a realidade da multidão e interroga ao discípulo: “Felipe onde
compraremos pão para que eles comam?”. O ponto de partida é estar dentro da
comunidade e enxergar suas necessidades. O Mestre enxerga a problemática da
comunidade e compreende a situação. A correta visão da realidade nos ajuda a
construir um processo pastoral/missionário capaz de superar a fragmentação das
ações e as divisões internas. Creio que aqui a professora Íris teria um papel
fundamental e poderia colaborar muito bem conosco...
Passo 2: Não podemos fazer uma leitura meramente tecnicista nos padrões do
capitalismo atual para dar respostas aos problemas: “Duzentos denários de pão
não seriam suficientes para que cada um recebesse um pedaço” – O discípulo
ainda contou com o auxílio de André, que também pensou na quantidade, na
matemática: “Há um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas
que é isso para tantas pessoas?”. Os novos paradigmas políticos e culturais são
capazes de contrapor as doutrinas teológicas e neutralizar a ação eclesial,
colocando a Igreja num patamar que se confunde com as empresas do capitalismo
cheias de estruturas de dominação e com comportamentos alienantes. Diante da
superficialidade da resposta dos discípulos, Jesus mostrou-lhes outro passo, a
força de quem acredita na sua Palavra.
Passo 3: A ação pastoral tem que ser planejada e bem organizada. “Fazei-os
assentar”. A orientação do Mestre é iniciar pelo princípio, pela organização da
comunidade. A estrutura de organização facilita um processo pastoral e
aproveita os recursos existentes na comunidade. Não é a quantidade de recursos
que fazem um planejamento pastoral responder à realidade, mas a forma de serem
aproveitados. A organização do processo de ação eclesial coletiva exige
partilha e abertura, vencendo a prepotência do tudo compreendido e
esquematizado. A vida da comunidade é dinâmica capaz de superar as coisas
preestabelecidas. Quando a participação organiza a comunidade, há criatividade
pastoral e co-responsabilidade no processo. Na multiplicação dos pães, o Mestre
organiza uma equipe para acomodar, outra para repartir e mais uma para recolher
a sobra. A ação pastoral planejada constrói a unidade e valoriza a pluralidade
de conhecimentos e atividades. A orientação de Jesus saciou a todos e ainda fez
sobrar alimento. Hoje podem estar sobrando recursos e pessoas que não foram
convidadas a participar do processo. A ação planejada do Mestre continua o
processo: “Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca”. Numa
caminhada eclesial, existem coisas que são prioridades, sem as quais o processo
pode fracassar e não avançar para um próximo desafio.
Passo 4: A ação planejada produz um processo, uma caminhada. A multidão, vendo a
ação de Jesus, reconheceu o sinal do reino de Deus presente e exclamou: “Esse
é, verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo”. Pelo testemunho pastoral
da comunidade, torna-se visível a presença do Mestre. Um processo pensado de
ação pastoral torna a comunidade evangelizadora. Onde todos pensam como
sujeitos eclesiais não há centralização do poder, do saber, do fazer e do ser,
a exemplo do que fez Jesus: “Quando percebeu que iam pegá-lo para fazê-lo rei,
então se retirou sozinho de novo para a montanha”. A presença de Jesus não
produz dependência, mas liberdade para caminhar. Uma ação eclesial em contínuo
processo torna a comunidade protagonista da caminhada. É exatamente isto que
nós queremos ajudar a construir...
Parnamirim
- RN, 11/12/12
Diác. Adilson
Fontes: A Vida é Missão (Pe. Mosconi); Revista Vida
Pastoral – nov-dez/05
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