Dom Jaime Vieira
Rocha
Arcebispo Metropolitano de Natal
Eis a obra que o Senhor
realizou
Prezados irmãos e irmãs em Cristo, na alegria da Páscoa e na
exultação da Ressurreição do Senhor, desejo falar-lhe ao coração sobre a vida
nova que se abriu para nós a partir do dia do triunfo do Senhor: “Eis que faço
novas todas as coisas” (Ap 21,5). Quis Deus definitivamente restaurar todas as
coisas em Cristo, pelo poder de sua Cruz e Ressurreição: “[...] Deu-nos a
conhecer o mistério da sua vontade, conforme decisão prévia que lhe aprouve
tomar para levar o tempo à plenitude: a de restaurar todas as coisas em Cristo,
as que estão nos céus e as que estão na terra” (Ef 1,9-10). É por essa razão que
Jesus afirma: “Quando eu for elevado da terra, atrairei a mim todas as coisas”
(Jo 12-32). Deus é fiel e cumpre aquilo que prometeu aos nossos pais: “Eis que
virão dias, diz o Senhor, em que concluirei uma nova aliança com a casa de
Israel e a casa de Judá; [...] Esta será a aliança que concluirei com a casa de
Israel, depois desses dias, diz o Senhor: imprimirei minha lei em suas
entranhas, e hei de escrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão o meu
povo” (Jr 31,31-34).
Deus revela, assim, que não deixará incompleta a
obra da salvação e concluirá a obra de suas mãos, conforme ensina o santo
apóstolo Paulo: “[...] Tenho plena certeza de que aquele que iniciou em vós a
obra da fé há de completá-la e levá-la à perfeição até o dia de Cristo” (Fl
1,1-11). Mas, qual é a obra de Deus e o que faremos para concretizá-la? Jesus
mesmo esclarece àqueles que o interrogaram: “[...] A obra de Deus é esta: que
creiais naquele que ele enviou” (Jo 6,28-29). Ao restaurar todas as coisas em
Cristo, o Deus deseja também que nossa vida seja transformada, restaurada e
renovada pelo poder da Ressurreição do Senhor. Por essa razão, São Paulo nos
exorta a abandonar antiga vida e correr no caminho da vida nova: “[...]
Rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança no
caminho que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que iniciou e concluirá
em nós a obra da fé, Jesus [...]” (Hb 12,1-2).
A obra de Deus não ficará
inacabada, pois ele mesmo se encarregará de levá-la a sua plenitude e perfeição,
por meio de seu Filho Unigênito: “Eu te glorifiquei na terra, conclui a obra que
me encarregaste de realizar. E agora, glorifica-me, Pai, junto de ti, com a
glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse” (Jo 17,4-5). Desse
modo, podemos compreender as palavras de Jesus na Cruz, antes de entregar o seu
espírito: “Tudo está consumado!” (Jo 19,30). Somos, pois, todos chamados a
completar em nós a obra da Salvação que Deus concluiu por meio de Cristo. Somos
convocados a participar de sua Paixão, Morte e Ressurreição, a fim de sermos
transformados em novas criaturas pela força e pelo poder da Ressurreição do
Senhor. Homem novo, vida nova, graças à obra da Salvação que, pela fé em Cristo,
Deus realizou em nós. Superemos todos os desafios e dificuldades. Vençamos todas
as limitações humanas, pessoais e comunitárias. Vejamos em que áreas e aspectos
da nossa vida, da nossa missão e das nossas responsabilidades precisamos buscar
a graça da ressurreição para transformá-las e aperfeiçoá-las.
Deus não é
deus de obra inacabada. Ele a concluiu e levou-a a perfeição em Cristo. Por
isso, abramos o nosso coração para que esta verdade se torne uma realidade
dentro de nós, em nossa vida. Ouçamos a Voz de Deus a nos orientar no caminho da
salvação: “Esforça-te e tem bom ânimo, e faze a obra; não temas, nem te
apavores; porque o Senhor Deus, há de ser contigo; não te deixará, nem te
desamparará, até que acabes toda a obra do Senhor” (I Crônicas 28.20).
http://www.arquidiocesedenatal.org.br/aordem/ao2904bispo.htm